Uma solução para mobilidade urbana em Mesquita, Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.

Como utilizei o UX para criar um projeto que pudesse levar a áreas periféricas opções de mobilidade.

O Desafio

Levar para os moradores de Mesquita as mesmas opções de mobilidade existentes em áreas nobres da Cidade do Rio na tentativa de diminuir as longas horas de espera por ônibus e trens e estimular o uso da bicicleta nas áreas de lazer que já existem no município.

O cenário atual

Desde 1950 o Ocidente tem um caso de amor com carros, porém, especialmente nos grandes centros, a compra de automóveis está em declínio. Os smartphones e as novas tecnologias de mobilidade automotivas mudaram a forma de se locomover das pessoas. O consumidor está combinando diferentes opções de transporte — usando o que precisam quando precisa — e os avanços tecnológicos estão tornando essa “mobilidade inteligente” possível

É nesse cenário que as startups de micromobilidade aparecem, foram anos de glória, porém, desde os últimos dois anos essas startups têm enfrentado problemas que foram acentuados pela Covid-19. Mas pode haver uma recuperação pós-pandemia. Nessa pesquisa daremos uma olhada em como algumas dessas empresas estão enfrentando os obstáculos e se ainda vale a pena investir no setor.

Para propor uma solução vou seguir esse caminho:

Desk Research

De acordo com os dados revelados no último UN-Habitat World Urban Forum 2030 será o ponto de inflexão global para a mobilidade sustentável nas maiores cidades do mundo.

Em 2030, esses meios de transporte mais verdes representarão 49% de todas as viagens realizadas dentro das cidades, contra 46% para os carros (que atualmente respondem por 51% das viagens). As viagens de táxi e compartilhamento / recebimento de carona, junto com outros modos, como balsas, serão responsáveis ​​pelos 5% restantes

Nesse Contexto a Kantar compartilhou um ranking das cidades que mais serão impactadas com as novas formas de mobilidade até 2030 e São Paulo é a terceira.

Com um futuro promissor por que Startups de mobilidade como Ofo e Grow (Yellow e Grin) passam por dificuldades e/ou foram vendidas a grandes investidores?

O caso da Grow mobility:

Em entrevista a Tilt, Marcelo Loureiro vice-presidente e cofundador da Grow Mobility fez uma simulação de aluguel de patinetes o que deixou claro que o preço e a vida útil do modal devem ser revistos.

Seriam necessários no mínimo 50 dias para empresa obter retorno do investimento.

Um dos maiores problemas das startups de patinetes elétricos no mundo, até aqui, foi ter um modelo de negócios rentável — o alto custo das viagens, afetado por roubos e dificuldades de manutenção, afastou muitos usuários. Em São Paulo, uma viagem de dez minutos de patinete custa cerca de R$ 8 o que coloca o modal em rivalidade com meios como o Uber.

A Grow confirmou no dia 10 de Março desse ano que seu controle acionário foi adquirido pelo fundo latino Mountain Nazca, dono de marcas como Peixe Urbano e Groupon

Intuir que no caso da Grow se aumentássemos o número de viagens para 13,8 ao dia pagaríamos o investimento sem aumentar o valor do ticket ainda mais.

A pergunta é: Como estimular o aumento do uso das patinetes?

Com objetivo de reduzir 30 a 40% o custo com equipamentos em 2019 a Grow investiu R$ 25 milhões para a construção de uma fábrica na Zona Franca de Manaus, onde serão produzidos bicicletas e patinetes elétricos.

O caso da Yellow:

Antes da fusão com a Grin a Yellow foi a pioneira no modelo de negócio de compartilhamento de bicicleta dockless no Brasil.

Apesar dos desafios de regulação, o vandalismo e a falta de infraestrutura, ainda sim, o baixo preço das bicicletas, entre R$50 a R$100, poderia fazer o negócio viável mas então o que faltou?

Estamos em um momento de crescimento, implantação e adaptação de um novo modelo de negócio que nos próximos 5–10 anos terá um crescimento exponencial também impulsionado por políticas de sustentabilidade.

Os obstáculos atuais são: a curta vida útil dos produtos e a dificuldade de criar um novo hábito na vida das pessoas a médio prazo.

Atrair clientes potenciais (publicidade, fácil entendimento das plataformas, fazer com que o cliente se sinta seguro usando o produto), fidelizar clientes que já utilizam os modais (descontos, promoções, etc.) são algumas alternativas para se posicionar no mercado até que a solução dos problemas de ordem técnica sejam solucionados.

Objetivo do projeto

Levar às periferias opções de lazer e de transporte sustentável com preços acessíveis evitando assim muitas horas de espera em pontos de ônibus ou estações de trem.

Perfil do usuário

Com o objetivo definido, fiz uma pesquisa qualitativa utilizando o Formulário do Google. Obtive 11 respostas e em algumas delas os entrevistados puderam descrever suas rotinas e etinerários na hora de ir trabalhar e nas horas de lazer.

Variáveis para segmentação de recrutamento:

  • Moradores de Mesquita
  • De 18 a 67 anos
  • Que usam algum tipo de transporte para se locomover diariamente
  • Que tenham celulares (mesmo que sem acesso a internet)

Algumas respostas:

“ Poderiam colocar mais trens e ônibus e assim diminuir o tempo de espera.”

“Seria legal se tivesse bicicletários, atividades em equipe ao ar livre.”

“ Mais ciclovias precisam ser construidas”

Definição:

Com as entrevistas feitas foi realizado um debriefing na tentativa de encontrar algum comportamento comum entre os entrevistados.

Alguns exemplos de respostas:

Apesar de mais de 90% dos entrevistados não terem o hábito de andar de bicicleta (com esse dado confirmamos a hipótese criada no desk research)mais da metade afirmou que as usaria se estivessem disponíveis.

link da Survey

Separei as informações coletadas em 3 categorias: motivação, frustração e objetivo e assim criei a Persona: Diogo Ferraz

Persona

Depois de construir a Persona mapeei a jornada do usuário para entender o comportamento do Diogo e possíveis oportunidades de aprimoramento da experiência.

Jornada do usuário

Ideação

Nessa etapa precisei criar um MVP (Mínimo produto viável) que desempenhasse algumas funções gerando com isso um valor mínimo para o usuário. Comecei criando um plano de ação e em seguida um task flow para mapear o fluxo MVP e descrever as interações usadas em cada ação.

Task flow

Criei um fluxo conciso pensando na navegação e como ficariam as telas.

Prototipação

Uma vez criado o task flow comecei a rabiscar algumas telas focando apenas na funcionalidade. Utilizei a técnica Crazy 8’s e deixei a criatividade fluir, vamos ao resultado:

O passo seguinte foi começar a elaborar os wireframes e assim a Mesquibike começou a tomar forma

wireframes

Teste de Usabilidade

Validação:

Com o protótipo finalizado, recrutei 3 usuários para fazer o teste de usabilidade. Os testes foram realizados de maneira remota.

3 ações foram realizadas de acordo com algumas métricas previamente estruturada: Desempenho, usabilidade, e emocional.

1. O usuário navegou livremente e comentou o que achava do layout

2. Entrar no aplicativo

3. Selecionar um plano

Respostas dos usuários:

  • Todos acharam a interface de fácil entendimento e familiar.
  • Como o protótipo ainda não responde algumas tarefas ficaram confusas.
  • O preço dos planos poderia estar mais amostra

Protótipo de alta fidelidade

Conclusão

No início dessa pesquisa comprovei que a mobilidade urbana é um mercado em expansão, com as entrevistas qualiquanti confirmei que existe um público sedento de entretenimento, lazer e cansado da falta de investimento em transporte público.

Quanto aos pontos de melhoria seria interessante a criação de mais telas para assim executar mais tarefas nos testes de usabilidade.

No decorrer desse projeto entendi que um designer precisa trabalhar junto ao usuário para ter respostas e solucionar problemas. É importantíssimo esse feedback se queremos criar interfaces que realmente funcionam.

Meu primeiro case de muitos.

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Maira Alves - depois dos quarenta
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